

Seguir uma religião é necessidade pessoal que não se questiona, pois cada um a traz em seu íntimo e estando adequada à sua vida, preenchendo as suas dúvidas, permite o encontro necessário com o seu lado espiritual, lhe trazendo conforto e ajudando o seu relacionamento afetivo e fraterno.
Porém, ao despertar em si, questões cujas explicações já não mais lhe satisfazem, pode a pessoa procurar caminhos novos para as suas perguntas ou se acomodar em função do medo da mudança, que às vezes aumenta, pela forma como a sua religião trata essas situações.

Esse momento, sendo consciente o suficiente para a pessoa superar os seus medos, faz com que ela saia à procura das respostas que não mais obtinha. Este despertar de sua razão, nunca será um ato de rebeldia, embora todo o sistema a que pertencia, assim lhe tente mostrar.

Em seu livro “O problema com Deus”, Bart Ehrman, um dos maiores especialistas em estudos bíblicos e origens do Cristianismo, que deixou a crença Cristã para tornar-se agnóstico, diz: “Pessoas que passam por uma espécie de “desconversão”, como a minha, compreendem como ela pode ser emocionalmente angustiante.” Com todo o conhecimento teológico e prático de um pastor evangélico, que se depara com a falta de respostas ao sofrimento humano, mantém o equilíbrio da razão que o levou à decisão de abandonar o Cristianismo, quando pergunta sobre outras pessoas na mesma condição: “Mas e se estiver absolutamente comprometido a ser honesto consigo mesmo e com a sua compreensão da verdade?”, se justificando mais à frente: “Perdemos a fé não apenas na Bíblia, como palavra inspirada por Deus, mas em Cristo como a única forma de salvação e depois na própria visão de que o Cristo era divino.”
Também o incomodam, os ritos da religião, como por exemplo a oração de agradecimento às refeições: “Se tenho comida porque Deus a deu a mim, então outros não tem comida porque Deus escolheu não dar a eles? Como posso agradecer a Deus sem, por implicação, culpar Deus pelo estado do mundo? Mostrou entre as angústias por que passou, a forma como seus entes o encaravam: “Não é fácil ser íntimo de alguém que pensa que você está mancomunado com satanás.”
O objetivo deste artigo, logicamente não é o de ser proselitista, porém mostrar como é importante a pessoa perceber-se diante do chamado de sua razão, procurando respostas às suas questões íntimas, evitando desta forma, tornar-se presa dos seus medos.
Allan Kardec, sempre se revelando um homem lúcido e de ampla visão, afirma: “Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: Doutrina filosófica e moral.” (KARDEC, 1868).
O Espiritismo, não sendo religião, e, portanto, não possuindo dogmas, está livre para analisar todas as posições teológicas, pois acompanha estritamente o avanço da ciência e o progresso da humanidade. Entretanto, apresentado como religião dogmática-cristã, como ocorre no Brasil, se afasta de seu princípio fundamental: o acolhimento fraterno irrestrito, pois passa a disputar espaço com as demais religiões, onde o crente, já estando em dúvidas, e conhecedor das bases dogmáticas do Cristianismo, que justamente o levou ao questionamento, não irá procurar outra religião que tenha as mesmas bases místicas! Está sendo a casa espírita, apenas um templo religioso a mais, frequentado por cristãos-dogmáticos convictos!
A LIBERDADE DE PENSAR, É GERADA PELA AUTORIDADE DO ESPIRITISMO, que vem da universalidade dos ensinos dos Espíritos. Assim, permite que o Espiritismo esteja sempre ao lado do progresso da humanidade, liberando o membro de qualquer religião ou seita para adquirir, sem restrições, as explicações advindas das revelações dos Espíritos e permanecendo na sua religião.
Inconcebível é o inverso, onde a religião dogmática se infiltra em seu meio, destruindo os princípios da Doutrina Espírita.
Bibliografia: O Problema com Deus, Bart Ehrman, 2008.
Revista Espírita, Allan Kardec, dezembro de 1868, Ed. FEB.